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Um abrigo, antes de tudo, precisa se abrigar...

  • Foto do escritor: Bruna Barbosa Ribeiro
    Bruna Barbosa Ribeiro
  • 6 de jun
  • 3 min de leitura




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Gosto de reler histórias infantis, acho que elas nos dizem muito além daquilo que parece ser apenas um faz de conta, e quando reli a história dos “Três Porquinhos”, meus olhos ali se fixaram e pude fazer um paralelo entre essa história e o nosso processo de autoconhecimento.


Na história, cada porquinho tinha que construir sua própria casa para se proteger do lobo. O primeiro porquinho construiu sua casa de palha e rapidamente terminou - queria economizar tempo. O segundo construiu de madeira e também terminou rápido. Assim, os dois puderam se juntar para tocar, jogar e criar músicas. Enquanto isso, o terceiro porquinho ainda estava construindo sua casa de tijolos. Os dois outros porquinhos riam dele por ter que trabalhar tão duro, mas o terceiro porquinho não pareceu se importar muito com isso.


Um certo dia, o lobo apareceu, assoprou a casa do primeiro porquinho e a derrubou; ele correu e foi se abrigar na casa do segundo porquinho. Então, em seguida, o lobo soprou essa casa também e a derrubou - neste momento, os dois correram e tiveram que se abrigar na casa do terceiro porquinho. Nessa, o lobo tentou e tentou derrubar, mas não conseguiu. Tentou ainda entrar pela chaminé, mas o porquinho já havia pensado nessa possibilidade e colocou um caldeirão com água fervendo – assim, quando o lobo entrou por ela, caiu no caldeirão e assustado fugiu pela floresta.


Quantas vezes temos pressa em abrigar alguém em nosso coração e então acreditamos que já estamos prontos para isso, mas no primeiro assopro a nossa casa cai? Você recomeça e insiste - uma hora escolhe a palha e outra a madeira – afinal, os tijolos lhe consumirão energias demais e você não tem disposição para esperar o tempo certo de uma construção saudável e autêntica.


Temos nos perdido nesse caminho de nos relacionar e cobramos do outro uma demonstração afinca de sentimentos e provas infindáveis de fidelidade, mas falhamos com nós mesmos! Você deseja que o outro realize seus desejos, os quais deveriam ter como remetente VOCÊ e como destinatário VOCÊ e, nesse caminho, encontra dificuldade para compreender que o outro não é a sua extensão.


Somos seres singulares vivendo em plural e, enquanto você não cuidar da sua individualidade, da sua casa, e olhar para os seus propósitos de vida, continuará esperando pela parte que lhe acredita faltar. O preenchimento é interno e alguns vazios continuarão, mas ainda assim fazem parte de você e merecem seu carinho, afeto e respeito.


Eu demorei muito para compreender que era preciso paciência e empenho para construir a minha casa; eu tinha feito ela de palha e abrigava todos (amigos, família e quem mais chegasse), mas não me sentia em casa. Eu era uma estranha em meu próprio ninho. Precisei de muito autocuidado e afeto para construir meu lar de tijolos, porque tem dias que o cansaço parece nos vencer e o que nos salva é o amor.


Hoje, em meu lar de tijolos, pratico um exercício diário: me lembrar sempre de ter autocompaixão. Tento me lembrar disso rigorosamente, mas ainda assim há dias que falho; no dia seguinte, tento outra vez, e novamente o que me salva é o AMOR – o PRÓPRIO. Não foi e não é um caminho fácil, mas acredito que o mais difícil seja permanecer como figurante em sua própria história.


Enquanto sua casa for de palha ou madeira, continuará vulnerável e pode acabar se privando de relações mais genuínas, o que, em contrapartida, pode acabar te levando a uma série de romances frustrados. Por isso, melhore sua relação com você e você melhorará sua relação com quem está ao seu lado.


Com muito afeto, persistência e paciência você conseguirá construir um abrigo bom o suficiente para se abrigar em primeiro lugar. Afinal, um abrigo, antes de tudo, precisa se abrigar e, ainda que chova dor e amor, estará aprendendo que, para algumas chuvas, o melhor é deixar molhar.

 
 
 

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